Garotas do velho Rio – as personagens de Alceu Penna e seu pertencimento cultural à cidade do Rio de Janeiro

Autora:  Daniela Queiróz Campos

Pós-doutoranda École de Hautes Études en Sciences Sociales de Paris / Supervisão do Professor Dr. Georges Didi-Huberman, Bolsista CNPq.

“Girls of the old Rio:  The characters of Alceu Penna and his cultural belonging to the city of Rio de Janeiro. 1″

Resumo:

O presente artigo aborda o pertencimento cultural das personagens da coluna Garotas do Alceu à cidade do Rio de Janeiro. A coluna circulou nas páginas da grande revista brasileira de variedades de meados do século XX o Cruzeiro (1928- 1975) de 1938 a 1964. Garotas era o título da afamada coluna de pin-ups ilustrada pelo desenhista mineiro Alceu Penna. As personagens femininas traçadas por Penna semanalmente apresentavam aos leitores de o Cruzeiro do cotidiano de jovens mulheres “modernas” em diferentes situações sociais que abarcavam novos modelos de sociabilidade urbana naquele Rio de Janeiro dos anos dourados pós segunda Grande Guerra mundial.

Palavras-chave: imagem. revista. cidade

Abstract:

This paper discusses the cultural belonging of the Alceu Penna’s column characters, the Girls or Garotas, to the city of Rio de Janeiro. The column circulated on the pages of the great Brazilian varieties magazine of the mid-twentieth century –O Cruzeiro (1928-1975) – from 1938 to 1964. To so called Garotas constituted the renowned pin-ups column, which the drawer Alceu Penna illustrated. The female characters drawn by Penna presented weekly for the readers of the magazine the daily lives of young “modern” women in different social situations that encompassed new models of urban sociability of Rio de Janeiro’s golden years – post Second World World.

Keywords: image. magazine. city.


Leia na íntegra:

https://www.rbhcs.com/rbhcs/article/view/352

1 O presente artigo apresenta-se como desmembramento de pesquisa doutoral realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina sub a orientação da Professora Doutora Maria Bernardete Ramos Flores, tendo sido realizado um estágio doutoral na EHESS de Paris com o Professor Doutor Georges Didi-Huberman, ambos (doutorado e período de sanduiche) com bolsa CAPES.

 

Mulheres Ilustradas – Representações femininas nos Estados Unidos e no Brasil (1890-1945)

Autora: Joviana Fernandes Marques

Orientadora: Maria Claudia Bonadio

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Artes, Cultura e Linguagens do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial a obtenção do grau de Mestre em Artes, Cultura e Linguagens.

Resumo

A presente pesquisa busca traçar um panorama sucinto das transformações observadas na ilustração americana, tendo por base um recorte temporal definido que abrange as décadas de 1890 a 1945. Para tanto, selecionamos um número limitado de artistas que tornam seus trabalhos símbolos de tais representações, analisando-os e comparando-os afim de nos aproximarmos de seu papel social, político e cultural, visando compreender as mutações sofridas em modelos ilustrados ao longo do anos. Assim procedemos também no capítulo último, ao elegermos para análise o ilustrador brasileiro Alceu Penna, no intuito de traçar os diálogos da ilustração americana com a ilustração nacional. Palco de grande produtividade gráfica, o recorte temporal proposto se inicia no fim da década de 1890 nos Estados Unidos, período que viu o nascimento do modelo da new woman personificado nos traços das famosas Gibson Girls. Percorremos a década de 1920, onde a euforia dos “anos loucos” deu a luz à mulheres de tornozelos a mostra e madeixas curtíssimas: a Era flapper. Com a Grande Depressão de 1929 bem como a Segunda Guerra Mundial, outro modelo emerge, as pin ups, transformando a euforia anterior em uma atmosfera regada ao patriotismo e sensualidade. Sua influência chega até o território nacional, influenciando a produção de ilustradores diversos, como o mineiro Alceu Penna. Para construir e compreender as transformações sofridas e suas influências, nos valemos de fontes primárias, como as ilustrações encontradas em acervos digitais e pessoais de colaboradores, e secundárias, como livros diversos, artigos e ensaios. Buscamos traçar diálogos que enriqueçam o debate em torno das representações ilustrativas de ambos países, esperando expandir os olhares a respeito dos caminhos que a ilustração é capaz de revelar. Ao analisarmos representações do feminino em Alceu Penna por paralelos e conversas com modelos norte-americanos, esperamos auxiliar nas visualizações de similaridades e diferenças entre as duas produções, contribuindo com novos pensamentos sobre o material gráfico de tais culturas, suas potencialidades e aproximações.

Palavras-chave: Ilustração, Estados Unidos, Brasil, Mulheres, pin up, Alceu Penna.

Abstract

This research seeks to draw a brief overview of the changes observed in american illustration, based on a defined time frame spanning the decades from 1890 to 1945. To this end, we selected a limited number of artists who make their work popular symbols of such representations, analyzing and comparing them in order to get closer to its social, political and cultural role, to understand the changing in models shown throughout the years. Likewise we proceeded in the last chapter. We elect to analyze the brazilian illustrator Alceu Penna in order to map out the dialogues of american illustration with national illustration. A stage for large graphical productivity, the proposed time frame begins at the end of the 1890s in the United States, a period that we saw the birth of the new model of woman personified in the features of the famous Gibson Girl. Go through to the 1920s, where the euphoria of the “crazy years” gave birth to women’s ankles show and very short strands: the Age of the flapper. With the Great Depression of 1929 and World War II, another model emerges, the pin ups, making the previous euphoria in an atmosphere watered with patriotism and sensuality. Its influence reaches the country, influencing the production of various illustrators, like Alceu Penna. To build and understand the transformations suffered and their influences, we make use of primary sources, such as the illustrations found in digital museum collections and personal archives, and secondary sources, as several books, articles and essays. We seek to trace dialogues to enrich the debate about the illustrative representations of both countries, hoping to expand looks about the ways that the illustration is able to reveal. Analyzing female representations in Penna by parallels and conversations with north american models, we hope to assist in views of similarities and differences between the two productions, contributing with new thoughts on the graphic material of such cultures, their approaches and potential.

Keywords: Illustration, United States, Brazil, Pin up, Alceu Penna.


Leia na íntegra: http://www.ufjf.br/ppgacl/files/2016/07/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Joviana-para-CD.pdf

Os valores e papéis sociais femininos nos figurinos de moda de Alceu Penna

Autora: Rosane S. F. Guerin
Graduada em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi (2000). Especialização em Moda: Criação e Produção pela Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC (2002). Mestrado em Educação e Cultura pela mesma universidade (2007). Mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP (2009).
E-mail: [email protected]

The values and women’s social roles in fashioned outfits of Alceu Penna

Resumo

Este artigo refere-se a uma pesquisa que abrange as áreas da semiótica discursiva, comunicação e moda, tendo como universo o conjunto de imagens de moda dos figurinos de Alceu Penna inserido na coluna Figurinos da revista O Cruzeiro,
da década de 1950. Desse conjunto foi extraído o corpus de pesquisa, possibilitando estudar a visibilidade das práticas sociais referentes a determinado simulacro feminino e tipo de mulher inscritos no universo imagético da revista. Busca-se identificar e analisar as imagens de moda propostas pelo figurinista que assinalam modos de presença feminina e que perseguem a construção de um simulacro de mulher brasileira

Abstract

This article refers to a research which covers the areas of discursive semiotics, communication and fashion, considering its universe the set of Alceu Penna’s fashion plates within the column Figurinos in the magazine O Cruzeiro from the 1950’s. The corpus of this research was built out of this set of images, which enables to study the visibility of the social practices regarding some female simulacrum inserted in the illustrated universe of the magazine. One intends to identify and analyze the fashion images proposed by the designer which point out the feminine presence and tracks
the creation of the Brazilian woman simulacrum.
[key words] O Cruzeiro magazine; fashion; Alceu Penna; plastic semiotics; social semiotics.


Leia na íntegra: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/download/167/166

Garotas folionas

Uma arlequina brasileira através do inconfundível traço do desenhista/figurinista Alceu Penna.
Autodidata, dono de um traço ágil e estilo inconfundível desenhava menus, cartazes, cenários, figurinos para shows, decorações e fantasias para bailes de carnaval, renovou inclusive a fantasia da Carmem Miranda quando esta partiu para Hollywood com o Bando da Lua.

Apesar da beleza da imagem, o que mais me chamou atenção foi o pequeno texto, assinado por A.Ladino, que serviu como legenda para a imagem aqui reproduzida.

O autor, numa brevíssima conclamação, aborda temas interessantes relacionados ao carnaval, algumas ideias soam anacrônicas e ingênuas outras permanecem na essência do DNA da folia, leiam:

Chegou a hora das garotas mostrarem as suas graças, e que tristezas não pagam dívidas, enquanto a alegria as aumenta. Folionas por instinto e formação, as garotas querem cantar e sambar, que amanhã, como diz o samba, elas não sabem se vão lá das pernas. Viva, portanto, a folia, com chope à mostra ou uísque escondidinho”.

…Tristeza não paga dívida, enquanto a alegria as aumenta!Advertia ou pregava a uma inevitável entrega? A busca da alegria nos faz inconsequentes, gastamos o que não temos em nome de prazeres momentâneos, movidos por desejos irrefreáveis.

Pior, ainda, para os que não têm opção, e segundo o autor do pequeno texto, são foliões por instinto. Nasceram com essa verve momesca. Não resistem ao tocar de um tambor. Endividarão a alma para tudo se acabar na quarta feira.

Afirma, também que as garotas querem cantar e sambar. O carnaval de rua voltou com força total e números superlativos.Nos mega blocos contemporâneos não vejo mais ninguém cantando ou sambando. Milhões de pessoas seguindo em cortejo, carros de som, mal entendendo a música que explode distorcida das caixas, parecem ter como objetivos únicos apenas beber e paquerar.

Beber é algo em comum . Quase setenta anos depois, é para quase a totalidade das folionas e foliões o combustível essencial. Nossa personagem da commedia dell’arte estilizada precisava beber uísque escondidinha. O chope venceu o uísque. Ninguém bebe destilado no carnaval e se quiser beber não precisa esconder. As grandes cervejarias patrocinam blocos. Cultivaram o hábito. A ideia de beber chope e ir ao bloco está associada. Multidões bebendo e se desfazendo do que foi bebido, num ciclo interminável. É assim hoje. Virou um grande negócio.

Finaliza o texto, seguindo a tradição romana – Carpe Diem, aproveitem a vida. Com dívida ou sem, com uísque ou chope, cantando, sambando , paquerando, o melhor mesmo é se jogar porque, como dizia o samba, nossas folionas não sabem se vão lá das pernas no imprevisível amanhã .

http://muitoscarnavais.com.br/2016/12/19/754

Alceu Penna inspira acadêmicos de Moda em nova exposição do Espaço Cultural Feevale

Mostra “Alceu Penna é show! Figurinos & fantasias” abre dia 17 de outubro, com palestra de Manon Salles
Fantasia de pierrete, criada pelas acadêmicas Alessandra Moraes, Giovana Ghiorzi e Vitória Proença. Foto: Ana Antunes

O grande artista Alceu Penna, que criou figurinos para Carmem Miranda e ditou moda, será a inspiração para a nova mostra do Espaço Cultural Feevale.

A exposição “Alceu Penna é show! Figurinos & fantasias” começará dia 17 de outubro, no quarto andar do Teatro Feevale. Nela serão apresentados 12 figurinos e fantasias dos espetáculos do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, entre 1934 – 1975, entre outros, que foram reconstituídos por 31 acadêmicos das turmas de Projeto de Figurino do curso de Moda da Universidade Feevale, peças de vestuário originais do acervo, esboços e croquis, além do trabalho do artista como ilustrador.
De acordo com a professora da disciplina Projeto de Figurino, Ana Hoffmann, que também é uma das curadoras da exposição, a exibição enfatiza a importância e a representatividade de Alceu Penna para a história da moda brasileira. “É uma exposição que reúne fragmentos do trabalho artístico desse criador múltiplo. A exposição ainda exibirá fotos que narram parte da sua vida e obra”, explica. A mostra também tem curadoria de Luiza Penna, sobrinha de Alceu Penna.
 
A abertura terá a convidada especial Manon Salles, doutora pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), onde defendeu tese sobre conservação de acervos têxteis de figurinos e de roupa social (Moda). O tema da palestra será Os figurinos e sua materialidade enquanto um acervo vivo, que abordará questões contemporâneas sobre a conservação de coleções e acervos de figurinos em museus e companhias e sua função enquanto objeto de pesquisa.
Manon é mestre em Ciências da Comunicação pela mesma Universidade, onde coordenou o Núcleo de Pesquisa Centro de Estudos da Moda. Atua como docente em diversas universidades na graduação e pós-graduação e, também, é consultora para criação e desenvolvimento de cursos, congressos, projetos culturais e exposições de moda e da arte.
Ao longo dos 30 dias de exposição, estão previstas ações educativas, como oficinas e palestras vinculadas à temática da exposição. A programação completa pode ser conferida no serviço, mais abaixo.
 
 

SERVIÇO:

Exposição Alceu Penna é show! Figurinos & fantasias
Local: Espaço Cultural Feevale, 4° andar do Teatro Feevale (ERS-239, 2755, Novo Hamburgo/RS)
Abertura: 17 de outubro, às 19h30min, com a palestra Os figurinos e sua materialidade enquanto um acervo vivo, de Manon Salles
Visitação: gratuita, de 17 de outubro a 18 de novembro
Horários: de segunda a sexta-feira das 14h às 18h. O agendamento de visitas pode ser feito pelo email [email protected] ou pelo telefone (51) 3586-9235
Curadoria: professora Ana Hoffmann e Luiza Penna
Coordenação do Espaço Cultural Feevale: professores Anderson Luiz de Souza e Laura Ribero Rueda
 
 

AÇÕES EDUCATIVAS

  • 17 de outubro, às 19h30min – Abertura da exposição e palestra Os figurinos e sua materialidade enquanto um acervo vivo, com Manon Salles
  • 31 de outubro, às 20h – Palestra A moda de Paris e o olhar de Alceu Penna, com o professor Raphael Sholl
  • 9 de novembro, às 14h – Alceu Penna – Inspirando coleções, com a professora Joeline Lopes
  • 9 de novembro, às 20h – Aula aberta de desenho de observação, com o professor Anderson Luiz de Souza
  • 10 de novembro, às 14h – Oficina aberta de desenho de vestuário, com o professor Anderson Luiz de Souza
  • 14 de novembro, às 14h – Oficina de construção de máscaras de Carnaval, com a professora Ana Hoffmann

    Veja mais: http://feev.as/2d7a229

Análise das ilustrações de Alceu Penna na revista “O Cruzeiro” como referência de moda da década 1950

SOCIEDADE DOM BOSCO DE EDUCAÇÃO E CULTURA FACULDADE DE ARTE E DESIGN – FAD / FACED

Jessica Tavares de Oliveira

Maria Alice Gonçalves Oliveira Rocha Tolentino

Vanessa de Souza Silva

INTRODUÇÃO

Desde criança Alceu Penna causava admiração em seus amigos com sua habilidade para o desenho. Ele tentou cursar arquitetura na Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro, mas seu desejo de trabalhar com a arte foi mais forte, e em 1938 foi inaugurada sua coluna para a revista O Cruzeiro, intitulada “As Garotas do Alceu”. Durante os 26 anos em que foi publicada, a coluna teve repercussão na vida de suas leitoras.
Na época um dos meios de comunicação mais acessível a população era o impresso. Na década de 1950, a revista “O Cruzeiro” foi considerada a publicação de maior importância, sendo a primeira a conter ilustrações coloridas, alcançando leitores do todo o Brasil.
Alceu foi uma presença marcante na revista “O Cruzeiro”, pois contribui com as matérias sobre design de moda, sugestões de fantasia e dicas de beleza. Além disso, seu mais marcante trabalho no impresso foi a coluna “As Garotas”, incluía diversos assuntos, o que integrava textos humorados de alguns redatores às imagens de belas garotas vestidas de acordo com a proposta de design de moda da época.
O vestuário feminino da década de 1950 foi bem marcante, principalmente as referências como o New Look do designer Christian Dior, o delineado e óculos em estilo “gatinho”, os shorts e calças, ou seja, designs que carregavam a feminilidade esquecida nos tempos de guerra e traços de uma crescente liberdade no modo de vestir das mulheres.
Através das ilustrações de Alceu foi possível identificar com facilidade o design da indumentária da década 1950. O ilustrador representava as tendências internacionais no cotidiano das brasileiras, principalmente das cariocas, pois era no Rio de Janeiro que “As Garotas” eram retratadas.
8

BREVE HISTÓRIA DE ALCEU PENNA

Rosto cheio, baixinho e peso um pouco acima da média, Alceu Penna levava desvantagem física em relação aos colegas do seu tempo de colégio, mas isso não mudava em nada sua popularidade, devido seu talento para o desenho.

Nascido em 1° de janeiro de 1915 em Curvelo, uma pequena cidade de Minas Gerais, situada em um grande chapadão na região central do estado. Desde criança era destacado por suas habilidades com os desenhos, e seus colegas admiravam sua rapidez para de retratar pessoas com lápis e papel, e fazer charges e caricaturas (JUNIOR, 2011, pag. 19 e 22).
Filho de Christiano Penna e Mercedes de Paula Penna, Alceu teve 10 irmãos:
Evaristo, Josaphat, América, Neide, Cláudio, Aloísio, Adalto, Maria Carmem, Terezae Christiano. Ao terminar o ginásio, como mandava a tradição, todos os filhos homens eram mandados para Diamantina ou Ouro Preto, cidades que tinham faculdades. Já as mulheres cursavam apenas o magistério e recebiam uma educação doméstica para se tornarem esposas exemplares (JUNIOR, 2011, pag.29). Josaphat, Cláudio e Adalto foram enviados para cursar medicina, sendo que esse último citado, no meio do curso, mudou para odontologia. Evaristo se tornou engenheiro e Christiano funcionário público. Aloísio foi cuidar das terras do pai como um bem-sucedido criador de gado de Curvelo.

Desde novo Alceu dizia que queria ser um pintor famoso, o que seu pai considerava uma blasfêmia. Mesmo assim, ele insistiu em seu desejo extravagante e seguiu pelos caminhos da arte (JUNIOR, 2011, pag. 29).
Em janeiro de 1932, com 17 anos, mudou-se para casa dos tios Alexandre  e sua esposa Maria Isabel no Rio de Janeiro, para cursar a faculdade de arquitetura, a pedido de seu pai, na Escola Nacional de Belas Artes, mas não chegou a concluir o curso.

Então, Alceu focou em seus talentos artísticos e passou a visitar jornais e revistas para divulgar e vender seus desenhos. (JUNIOR, 2011, pag. 34).
A contribuição de Alceu Penna para a ilustração de moda causou grande impacto e impressionou, por exemplo, o cartunista Ziraldo: “Não tenho, porém, conhecimento, na história de nossa imprensa, de nenhum outro artista que tenha 9 influenciado, com seu trabalho, o comportamento de toda uma geração” (JUNIOR, 2011, pag. 306).
Em 1975, com 60 anos, o ilustrador sofreu um infarto que acabouprejudicando suas funções motoras. Depois disso, ele ainda tentou desenhar, mas não obtinha o mesmo resultado. Em um domingo, 13 de janeiro de 1980, AlceuPenna sofre morte cerebral, e pouco depois, morre. A admiração por seu trabalho continuaria viva por muito tempo. (JUNIOR, 2011, pag. 29).
2.1

A trajetória do ilustrador Alceu Penna

Ao longo de sua carreira Alceu Penna desenvolveu vários trabalhos. Assim que se mudou para o Rio de Janeiro em 1932, seu objetivo era fazer faculdade, para buscar uma condição estável. Mas ele preferiu investir em seu talento para o desenho gráfico, acreditando que assim poderia chegar ondeexatamente queria (JUNIOR, 2011, pag. 48).
A primeira publicação importante de Alceu foi uma série de ilustrações no começo de 1933, para o Suplemento Infantil de O jornal, de Chateaubriand. Esse trabalho permitiu que ele tivesse acesso a revista do mesmo grupo, O Cruzeiro, onde começou com ilustrações para sua capa e mais tarde desenvolveu a coluna “As Garotas”, que começou em 1938 e manteve-se ininterruptamente até 1964 (JUNIOR, 2011, pag.51 e 90).
A partir desse momento, a vocação do ilustrador abriu portas para outras publicações importantes da época, como a capa desenvolvida para a revista “Cidade Maravilhosa”, em 1936.

Ele ainda contribuiu com ilustrações para as revistas “Esquire” (Estados Unidos da America), em 1940, e as revistas “Tricô e Crochê”, em 1951, e “Manequim” para assuntos de noiva e carnaval, em 1974. Além de “O Jornal”, que contou com seus desenhos para sua coluna “Suplemento Feminino”, entre 1963 a 1965. 1
As ilustrações para livros também foram frequentes. Seus trabalhos aprecemem “Primeira Leitura”, de Luiz Gonzaga Jr. (1939), “O Mystério do Castelo Cor de Rosa” (1939), “Chapeuzinho Vermelho” (1940), “A Estrela Azul”, de Murilo Araújo

1Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa378586/alceu-penna> Acessado em
11/04/2016.
10
(1940), “Detalhes de Elegância e Beleza”, de Elza Marzulo (1948), capa do livro
“Gente Miúda”, de Albano Paulo de Paula (1948) e ilustrações para “ABC das Mães”,de Odilon Andrade (1969).2
De 1946 a 1952

Alceu trabalhou na execução de uma série de calendário para a empresa Moinhos Santista, onde desenhou garotas com uma sensualidadealém de sua época. Desenvolveu também cartazes e propagandas para muitas marcas, como Cigarros Odalisca e Casa Levy (ambas em 1939).3
O ilustrador era decidido a mudar-se para os Estados Unidos e o êxito da coluna As Garotas não abalou essa decisão. Convenceu seu chefe e amigo Acioly Neto a enviá-lo como correspondente da revista O CRUZEIRO para cobrir a Feira Mundial de Nova York. (JUNIOR, 2011, pag. 96)
Nas décadas de 1950, 1960 e 1970 desenvolveu figurinos e cenários para diversos shows e espetáculos teatrais.

Em 1954 criou uma fantasia para Martha Rocha participar de um concurso de beleza e para Emília Corrêa de Lima concorrer à Miss Brasil 1955. Em 1939, Alceu ainda teve a oportunidade de recriar o figurino de Carmem Miranda (JUNIOR, 2011, pag.102). Seus trabalhos de fantasias e figurinos lhe renderam alguns prêmios.4
A contribuição de Alceu Penna para os figurinos da Companhia Rhodia começou em 1962 e durou até 1975 e incluía desenhos para o caderno de orientação de moda da marca e contribuições para os desfiles. Ele se dedicou tanto a este trabalho que teve que deixar a coluna “As Garotas” para cumprir seus compromissos com a Companhia (JUNIOR, 2011, pag. 96 e 256).
Apesar de Alceu Penna ter ganhado tamanha notoriedade após anos de variados trabalhos, ele nunca se esqueceu da verdadeira essência de seu trabalho: a arte. Muitas noivas subiram ao altar com criações dele, sem que cobrasse um centavo, apenas pela satisfação vê-las felizes 5.

Dentre todas as suas realizações a que mais se destacou foi a coluna “As Garotas”, na revista O CRUZEIRO. A partir dessas publicações, ele conseguiu transmitir seus conhecimentos de moda, que acabaram por refletir no comportamento das mulheres da época.

2Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa378586/alceu-penna> Acessado em
11/04/2016.
3Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa378586/alceu-penna> Acessado em
11/04/2016.
4Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832010000100009&script=sci_arttext>
Acessado em 09/04/2016.
5Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832010000100009&script=sci_arttext>
Acessado em 09/04/2016
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https://www3.faced.br/wp-content/uploads/2017/02/AN%C3%81LISE-DAS-ILUSTRA%C3%87%C3%95ES-DE-ALCEU-PENNA-NA-REVISTA-%E2%80%9CO-CRUZEIRO%E2%80%9D-COMO-REFERENCIA-DE-MODA-NA-DECADA-DE-1950.pdf